A Terra está ficando quente
muito mais rápido do que pensávamos
[Gizmodo
Jamie
Condliffe 2 horas atrás]
[Noticia publicada na Internet, em outubro 2014.
Na segunda feira de 3/11/2014, os jornais publicaram alerta dos pesquisadores da ONU sobre os riscos alarmantes caso não haja diminuição consideravel - de até 70% da emissão do gás carbonico, nas proximas décadas]
Sabemos
que o planeta está ficando mais quente - mas acontece que isso está acontecendo
muito mais rápido do que imaginávamos. Nossos cientistas subestimaram o
aquecimento global devido a relatos de temperatura imprecisos feitos nos
oceanos do sul.
Segundo a
New Scientist, uma
equipe do Lawrence Livermore National Laboratory na Califórnia, EUA, comparou
medições diretas dos mares com dados de satélites e modelos climáticos. Os
dados sugerem que os oceanos do hemisfério sul absorveram mais do que o dobro
do calor preso na nossa atmosfera do que o anteriormente calculado.
De fato,
os resultados sugerem que os oceanos do mundo estão atualmente absorvendo algo
entre 24% e 58% mais energia do que pensávamos. Isso significa que
possivelmente subestimamos como nosso mundo está esquentando - já que os
oceanos do sul estão trabalhando duro para dar conta do recado. Os resultados
foram publicados na Nature Climate Change.
O estudo
considera o período entre 1970 e 2003. O motivo da discrepância? Durante esse
período, os oceanos do norte eram bastante frequentados por navios de carga
enquanto os do sul não tinham muitas rotas comerciais - e são esses navios que
gravam os dados de temperatura. Então os cientistas trabalhavam como um
conjunto de dados limitado que era impreciso.
Nos anos
recentes, uma rede de boias chamada Argo foi implantada - então não
devemos incorrer nos mesmos erros novamente.
Imagem
por Moyan Brenn sob licença Creative Commons
Nível do mar registrou
aumento sem precedentes nos últimos 100 anos
Agência
Brasil
Da
Agência Lusa 18 horas atrás
O nível
do mar aumentou 20 centímetros nos últimos 100 anos, um fenômeno sem
precedentes em milênios, mostra estudo divulgado esta semana na Austrália.
A
pesquisa, publicada no Proceedings of the National Academy of Sciences,
analisa as flutuações do nível do mar nos últimos 35 mil anos com base nas
mudanças no volume de gelo na terra.
"Nos
últimos 6 mil anos, antes de começar a aumentar o nível da água, o nível do mar
foi bastante estável", disse um dos coautores do estudo, Kurt Lambeck,
pesquisador da Universidade Nacional Australiana.
Lambeck
explicou que, durante esses milênios, não foram encontradas provas de
oscilações de 25 a 30 centímetros em períodos de 100 anos, mas que essa
tendência mudou a partir do processo de industrialização, com um aumento que
classificou como incomum.
"Nos
últimos 150 anos, assistimos a um aumento do nível da água à velocidade de
vários milímetros por ano e nos nossos registos mais antigos não verificamos um
comportamento similar", disse o cientista, vinculando esse fenômeno ao
aumento da temperatura do planeta.
A
investigação concluiu ainda que, mesmo assim, as flutuações naturais do nível
do mar nos últimos 6 mil anos foram menores do que sugeriam estudos anteriores.
"Esse
ponto foi bastante polêmico porque muita gente assegurava que o nível do mar tinha
oscilado em grandes quantidades, vários metros em centenas de anos, e não
encontramos provas que o demonstrem", acrescentou Lambeck.
O estudo
aborda também a complexa relação entre o degelo e o aumento do nível dos
oceanos, no qual intervêm fatores como a gravidade, que provoca aumento no
nível do mar em algumas áreas e queda em outras.
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A espiritualidade indígena e a Natureza
Arthur Shaker
Instituto de Estudos Superiores do Dharma
Setembro 2004
Para os povos indígenas, todos os seres da Natureza têm espírito. De fato, não vamos encontrar nas línguas indígenas uma palavra que designe “Natureza”, ao menos como a concepção ocidental entende por isso, como se fosse apenas um conjunto de espécies biológicas. Se a palavra “bio” designa vida, toda a vida está animada, em graus diversos, pela presença espiritual que liga a existência fenomênica às suas raízes transcendentes.
Também não vamos encontrar essa oposição entre uma “Natureza” e a “Cultura”, que separasse tão categoricamente os homens e o mundo dos seres vivos da natureza, oposição criada por uma leitura antropológica marcada por uma visão desespiritualizada do reino dos seres viventes, baseada na interpretação do surgimento evolutivo da consciência, e como atributo único dos seres humanos.
Para os Mbyá-Guarani, já no momento de aparecimento do criador Namandu, surge o colibri: Quando se inicia a revelação da consciência do Deus criador Namandu, o colibri lhe traz o “néctar celestial”, uma expressão metafórica na língua mbyá que se refere à inspiração divina ("A relação dos indígenas com a natureza e os projetos de cooperação internacional”, Friedl Grünberg, 2003, mimeo).
Os criadores míticos primordiais, como os Romhõsi’wa da cosmologia Xavante, trazem à existência não apenas os seres vivos, mas também as leis que regram as relações que os seres humanos devem seguir para com os outros seres vivos, como os animais, as plantas, os rios, etc. ("Romhõsi’wa, os Senhores da criação do mundo Xavante", Arthur Shaker e narradores Xavante, 2004). Toda a vida indígena é regida pelos ritos que buscam garantir o mínimo de equilíbrio entre os seres viventes, afim de que a voracidade humana não ponha em risco a existência dos outros seres, e do próprio homem. A civilização ocidental moderna esqueceu desse compromisso, e ao reduzir a chamada Natureza a um “algo aí” sobre o qual não há responsabilidade nem clareza sobre a interdependência espiritual de todos os viventes, abriu com isso o caminho da devastação do ambiente ecológico, e porque não dizer, do próprio ambiente ecológico interior do homem. As conseqüências desastrosas dessa ignorância estão aí, alarmantes.
Possamos rever estas tendências, construindo um olhar mais sábio e espiritual sobre a vida, e um respeito aos povos indígenas. Mas não só um olhar. Uma postura, ética, cognitiva e prática. A sabedoria ancestral dos povos milenares, como os indígenas, muito tem a nos ensinar.